É muito comum você ouvir alguém rir ou comentar do “erro” que
determinado falante cometeu em seu meio social. É um situação intrínseca, ou
seja, está velada em nós. Mas “soa” estranho, “doem” os ouvidos. Quem nunca?
Veja esta famosa página do facebook em que a maioria das postagens são conversas de aplicativos de mensagens contendo erros de português:
Fica clara a intenção da página: levar humor aos falantes da língua
que entendem o erro apontado. Pois se você não sabe a norma padrão, como vai
entender a ironia e o deboche contido em cada postagem?
No entanto, já pararam para pensar que talvez aquela frase que pareceu, para você, um erro grotesco seja reflexo da falta de acesso à educação por parte do falante? Que talvez essa pessoa nunca tivesse tido contato com a norma culta padrão? Ou mesmo que aquele “erro” engraçado seja um dos exemplos de variação linguística que vimos nos posts anteriores?
Apesar de algumas variações não apresentarem o mesmo prestígio
social no Brasil, não devemos fazer da língua um mecanismo de segregação
cultural, corroborando com a ideia da teoria do preconceito linguístico,
ao julgarmos determinada manifestação linguística superior a outra, sobretudo
superior às manifestações linguísticas de classes sociais ou regiões menos
favorecidas.
Marcos Bagno é um famoso lingüista, mestre em Letras pela
Universidade Federal de Pernambuco, doutor em Filologia e Língua Portuguesa
pela Universidade de São Paulo, que afirma que o domínio da gramática normativa
tem sido usado como instrumento de distinção e de dominação pela população
culta. Os “erros” de português cometidos por analfabetos, semi-analfabetos,
pobres e excluídos são criticados pela elite, que “disputa” quem sabe mais a nossa língua.
Palavras do autor:
“É que, de todos os instrumentos de controle e coerção social, a linguagem talvez seja o mais complexo e sutil”, afirma. “Para construir uma sociedade tolerante com as diferenças é preciso exigir que as diversidades nos comportamentos lingüísticos sejam respeitadas e valorizadas”, defende Bagno.
Você, como falante conhecedor da norma culta, o que poderia fazer para evitar o Preconceito linguístico?
Muito bom o texto! Essa questão está tão enraizada na sociedade que o que nós professores podemos fazer para amenizar o estrago é apresentar para nossos alunos livros que abordem a questão como em "A língua de Eulália" para serem trabalhados em sala de aula.
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