quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Pré-conceito Linguístico

É muito comum você ouvir alguém rir ou comentar do “erro” que determinado falante cometeu em seu meio social. É um situação intrínseca, ou seja, está velada em nós. Mas “soa” estranho, “doem” os ouvidos. Quem nunca?

Veja esta famosa página do facebook em que a maioria das postagens são conversas de aplicativos de mensagens contendo erros de português:



Fica clara a intenção da página: levar humor aos falantes da língua que entendem o erro apontado. Pois se você não sabe a norma padrão, como vai entender a ironia e o deboche contido em cada postagem?

No entanto, já pararam para pensar que talvez aquela frase que pareceu, para você, um erro grotesco seja reflexo da falta de acesso à educação por parte do falante? Que talvez essa pessoa nunca tivesse tido contato com a norma culta padrão? Ou mesmo que aquele “erro” engraçado seja um dos exemplos de variação linguística que vimos nos posts anteriores?
                                  
Apesar de algumas variações não apresentarem o mesmo prestígio social no Brasil, não devemos fazer da língua um mecanismo de segregação cultural, corroborando com a ideia da teoria do preconceito linguístico, ao julgarmos determinada manifestação linguística superior a outra, sobretudo superior às manifestações linguísticas de classes sociais ou regiões menos favorecidas.

Marcos Bagno é um famoso lingüista, mestre em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco, doutor em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo, que afirma que o domínio da gramática normativa tem sido usado como instrumento de distinção e de dominação pela população culta. Os “erros” de português cometidos por analfabetos, semi-analfabetos, pobres e excluídos são criticados pela elite, que “disputa” quem sabe mais a nossa língua.

Palavras do autor:

“É que, de todos os instrumentos de controle e coerção social, a linguagem talvez seja o mais complexo e sutil”, afirma. “Para construir uma sociedade tolerante com as diferenças é preciso exigir que as diversidades nos comportamentos lingüísticos sejam respeitadas e valorizadas”, defende Bagno.

Você, como falante conhecedor da norma culta, o que poderia fazer para evitar o Preconceito linguístico?

1 comentário:

  1. Muito bom o texto! Essa questão está tão enraizada na sociedade que o que nós professores podemos fazer para amenizar o estrago é apresentar para nossos alunos livros que abordem a questão como em "A língua de Eulália" para serem trabalhados em sala de aula.

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